quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Retorno

 olha só, é que faz tempo

que eu não faço poesia

sigo andando ao relento
nessa terra doentia
dito isso, eu que alego
ter uma mente tão sadia
mas procuro um remédio
pra essa minha letargia...

sábado, 28 de junho de 2014

Meios

Pondera, sobrepõe e pesa cada metade 
Sem outro meio de viver no meio da insanidade
Ou que nos arraste pr'um outro de felicidade
Mesclados, paradoxo; sozinhos, rápida trivialidade
Puros mesmo dizem ser uma impossibilidade
Quem habita um pedaço por própria vontade?
Só se desfaz dos dois por fatalidade
Ou jeito brusco de fugir da realidade
Sempre em desequilíbrio, afastados de neutralidade
Se não há outro meio, nos restará que metade?

terça-feira, 24 de junho de 2014

Soneto das Lembranças Juvenis



Hoje eu durmo e penso nos laços e nós que constroem as vidas
Cada amor que colore e cada nó ou aperto que as fazem cinzas
Nas formas, nas canções, complexidade tais bilhetes suicidas
Cada beijo, cada tapa, olhares ternos, calorosos e ranzinzas

Na paisagem, horários e no abraço, último olhar de despedida
Pensamentos que escapam pela janela por entre essas rodovias
Voltas sob as estrelas, pegadas na areia e a maresia sentida
Nosso retrato, nas madrugadas acordados, iguais manhãs frias

Do silêncio compreendido em oposição, alguma risada provocada
Pelo alcool, por nada, piada, desgraça ou exageradas e tantas
Do trote que tonto eu corro buscando cédulas ou moeda trocada

Da ferida que te deixo, da cara que fazemos!... Ah! e quantas
De toda memória ou palavra que em alguma hora fora eternizada
De lembranças que rego o passado igual faço às minhas plantas.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Futuro

O que há por trás detrás da colina?
De costas pra cabine, só vejo a janela
Corre o trem, ora desce, ora empina
Caminho turbulento, estrada singela.

sábado, 10 de maio de 2014

Soneto de Obsessão

Se por um dia me sobe à cabeça o prejuízo
Tal como uma coisa registrada em cartório
Possesso, desvairado, esgota todo o juízo
Dita a perda, urro, xingo, enceno velório

Comando e ponho guardas a todas fronteiras
Vou colocar em teu corpo, quiçá, o cadeado
Deixando encurralado de mil e uma maneiras
Fica, assim, quieto, silencioso e amarrado 

Contra os invisíveis, a guerra tá declarada
O perigo se remonta aos graus de insanidade
Incansavelmente, toda a baliza será vigiada


Decreto irracionais ordens contra liberdade
A camisa de força vai em mim sendo adornada
Mergulhado nessa tal loucura de propriedade

Orgulho

Perigosa casca que brilha
Disfarçada de escudo protetor
Mãe da dor e da dor é filha
Mascarada no seu próprio amor
Fora dela, à ilusão se humilha
Agudos espinhos a sufocar a flor