quarta-feira, 23 de abril de 2014

Incerta Certeza

Não, mas vou fingindo que sim
Sim, mas já não te interessa
Ao divagar, vai sendo assim
Vou devagar mas eu tenho pressa

A correnteza do tempo a me arrastar
Futuro incerto, incerto maldito
E sua máscara a sair do lugar
De só dizer o que não havia dito.

O talvez é o que resta
E se me sobra o sumiço
Nada de crise, nada de festa
Há coragem pra isso?

Impoe-me uma barreira de dor
Inquieta-me o medo do vazio
A maçaneta me rouba o calor
Atrás da porta, mistério frio

Fio de esperança
Desencapado
Choque de realidade
Eletrocutado

Solidão da cidade
Realidade concreta
Besteira da idade
Cada palavra soletra

Tique-taque...é a torturante hora que passa
Sem sentido, instantes passam a modo grosso
Tornando menor o espaço, devorado pela traça
E só aumenta o peso pendente acima do pescoço

Passo ligeiro com relógio estacionado
Em um diálogo infinito de um x oculto
Ponteiro incessante no sujeito parado
Desinteresse traduzido em assunto curto

Véu de metáforas sombrias
Contido e preso na caneta
Escondendo verdades frias
Misturadas à tinta preta

Subindo o monte  por uma infinita curva
Sem ar, a vertigem vai me deixando tonto
Pra mais ou pra menos, mera ilusão turva
Ao final de três, resume-se tudo a um ponto.

Um comentário:

  1. Gostei, bem profundo esse poema... Da pra notar muitos traços de pessoalidade

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