domingo, 22 de janeiro de 2012

Sem Domingo

Eu, simplesmente, deixei de existir no domingo
Acordei quando o sol já estava indo
E a lua, se fosse cheia
Do outro lado, ressurgindo
Fiquei sem manhã
Fiquei sem tarde
Fiquei sem dia
Nos sonhos embaixo do lençol
Nada mais que sonhos
Doce e bela fantasia
Despertei e vi que a chuva estava vindo
Perdi a chance de viver
Perdi a chance de existir
Num belo dia de domingo 

13:13

Nessa tua beleza, eu viajo
Oh! quanta graça e delicadeza
Guardada no alto da serra
Ibiapaba, abençoada sejas!

Reina e me conquista
Do teu canto e em todo canto
[ah! como quero]
Olhar nos teus olhos, ganhar teus abraços
Rir teu riso e chorar teu pranto!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Reencontro

 Eu lembro que eu andava com você pra todo lado
Hoje eu nem sei o que está fazendo agora
O tempo foi roendo o laço que nos prendia
Outros foram entrando em seu lugar
Por motivos e em tempos diferentes
De vez em quando, marcamos de nos encontrar
Mas nossos assuntos sempre estão muito distantes
Eu já nem sei que perguntas eu te faço
Nosso silêncio toma conta do ambiente
Perguntas bobas, respostas monossilábicas
Quanta novidade escondida por um “Por lá, tá tudo bem”
-E você tem novidades?
-Não, não. Por aqui, também não acontece muita coisa.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Eu também vou à padaria

           Se eu sou um poeta, dizem que eu vivo na contra-mão da vida. Eu mostro nas minhas palavras uma dor mais intensa do que a que eu realmente sinto. O mesmo acontece com a alegria que me contagia. Nós poetas idealizamos tudo: nossas vidas, nosso trabalho e nossos amores. Mas somos tão comuns como qualquer passageiro de ônibus que volta cansado para casa. Somos tão comuns como qualquer soldado que esteja batalhando nas trincheiras. Somos tão comuns como qualquer freguês comprando batatinhas na feira.
          Se eu sou poeta, dizem que sou um louco vivendo neste mundo. Alguém que não demonstra tanta preocupação com o que se passa, apenas escreve pra perturbar a vida de estudantes e tem problemas diferentes de todo o mundo. Tenho sempre dinheiro na conta bancária e vivo gastando tomando bons drinks com os amigos. Nossos pecados não são tão graves e por isso não frequentamos à igreja. Deus já tem um lugar reservado para nós no paraíso porque tudo o que fizemos foi escrever e viver de maneira correta.
           Eu sou poeta e tenho dívidas porque eu viajo muito,eu saio muito e não me preocupo em economizar. O céu pra mim nunca fui uma certeza, mas prefiro não me preocupar com ele agora. Tenho pessoas aqui perto que fazem da minha vida um paraíso. Boas ações são o que posso e quero fazer sempre e quando puder. Desculpa aí se eu não quero ir à igreja, mas em uma manhã de domingo eu queria estar ao lado de quem me faz bem no lugar mais lindo que estivesse ao nosso alcance. A minha dor é como a de qualquer outro ser humano que perde alguém que ama e minhas alegrias são retratadas em câmeras digitais e sendo compartilhadas na internet. Tudo o que eu faço de diferente é somente pegar um caneta no fim do dia e tentar disfarçar tudo isso numa folha de papel.

Ideia maluca de século XXI

                  Hoje eu acordei pensando o que seria de mim: e se nada desse certo? Se você tivesse coragem, eu queria pegar na tua mão e correr pelo mundo: só nós dois nessa longa estrada. Se eu tivesse fome, ao menos, você estaria comigo e fome dos teus carinhos eu jamais iria sentir. As noites enluaradas seriam só nossas. A cada dia, estaríamos em uma cidade diferente, conhecendo pessoas diferentes e convivendo com diferentes costumes. Nossos corações estariam sempre juntos e meus lábios poderiam tocar os teus em todo e qualquer momento.
               Ideia maluca pra quem vive no século XXI, onde o que todos querem é terminar os estudos, ganhar dinheiro, ter uma vida confortável, um trabalho estável e longe de desafios. Até eu sonho com isso, mas minha cabeça é maluca o suficiente para ficar imaginando o que falei no primeiro parágrafo. Enquanto nada dá errado (e mesmo que dê), eu vou continuando a busca pela vida estável. Já que minha ideia maluca no século XXI não pode ser vivida agora, espero então pela próxima reencarnação, onde irei pegar tua mão e iremos correr pelo mundo.

Meu Deus, Nossos Deuses

Deus existe
Pra cada pessoa, 
 É de uma maneira diferente
Meu Deus não habita templos
Está lá fora banhando-se em uma cachoeira
Está zanzando por aí nas asas do vento
Ou repousando à sombra de uma árvore
Chora comigo quando estou abalado
E dá uma boa risada das minhas trapalhadas
Andamos pela rua juntinhos
Quando não o vejo, sinto-o tocando levemente meu braço
Vai apenas me acompanhando
Nas adversidades, me arranca um sorriso
Nas noites enluaradas, me manda um brilho
Emanado do Sol
Em noites escuras, piscadinhas em forma de estrelas.