sábado, 10 de maio de 2014

Orgulho

Perigosa casca que brilha
Disfarçada de escudo protetor
Mãe da dor e da dor é filha
Mascarada no seu próprio amor
Fora dela, à ilusão se humilha
Agudos espinhos a sufocar a flor

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Incerta Certeza

Não, mas vou fingindo que sim
Sim, mas já não te interessa
Ao divagar, vai sendo assim
Vou devagar mas eu tenho pressa

A correnteza do tempo a me arrastar
Futuro incerto, incerto maldito
E sua máscara a sair do lugar
De só dizer o que não havia dito.

O talvez é o que resta
E se me sobra o sumiço
Nada de crise, nada de festa
Há coragem pra isso?

Impoe-me uma barreira de dor
Inquieta-me o medo do vazio
A maçaneta me rouba o calor
Atrás da porta, mistério frio

Fio de esperança
Desencapado
Choque de realidade
Eletrocutado

Solidão da cidade
Realidade concreta
Besteira da idade
Cada palavra soletra

Tique-taque...é a torturante hora que passa
Sem sentido, instantes passam a modo grosso
Tornando menor o espaço, devorado pela traça
E só aumenta o peso pendente acima do pescoço

Passo ligeiro com relógio estacionado
Em um diálogo infinito de um x oculto
Ponteiro incessante no sujeito parado
Desinteresse traduzido em assunto curto

Véu de metáforas sombrias
Contido e preso na caneta
Escondendo verdades frias
Misturadas à tinta preta

Subindo o monte  por uma infinita curva
Sem ar, a vertigem vai me deixando tonto
Pra mais ou pra menos, mera ilusão turva
Ao final de três, resume-se tudo a um ponto.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Remorso

Foi logo ali na ponte que une
E que agora é sinal que me pune
Grande mal de cortar um coração
Simbolo de nossa separação
Entre ornitorrincos e xaropes
Lepo-lepos e Potocs
Ah, Carnaval de perfeição
Eu tinha tudo ali na minha mão
Tolo estúpido, ai como eu sinto
Dói demais, não minto
Eu que sou o culpado
O vilão descarado
E agora o arrependimento
Pior sentimento
Eu tento esquecer, eu forço
Esse ácido na alma é meu remorso
Devolve-me a calma, oh tempo
Devolve meu contentamento
E você de volta, talvez
Mesmo que por um mês
Pra mim, você já é eterno
Me retira aqui desse inferno
Há algo ainda que se faça
Depois de uma estupidez devassa?
Creio que não, acho que não
Te perdi, joguei fora teu coração.

(6/3/2014)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Nesse Rio

Em meio ao rio comprido e profundo de muita curva
Repleto de correntezas, pedra, monstros e água turva
Cascatas altas de imponentes e incontroláveis fúrias
Quem bate a cabeça em meio a pedras, agulhas

Tempestadesfortes de terrível ventania
Água suja que escorre noite e dia
Com sede e fome de tamanha violência
Confusa, fraca e incerta consciência

Nessa chuva não existe guarda-chuva
E pr'essa sede, nem sequer suco de uva
Pra mão fria, não me serve uma só luva

E o corpo que padece de frio
Nesse rio, água não volta atrás
Nesse rio, eu choro, eu rio

Adiante pro mar, à paz.
Há paz.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sobre o tempo

Por que o tempo não passa?
Por que o tempo passa?
Por que tempo passa?
Por que tempo?
Que tempo?
Tempo?

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ai, a Vida!

É que a vida!
Ai, a vida
Me faz ferida
Me faz querida
Fujo e corro dos seus braços
Corro e fujo pros seus laços
Ai, a vida
É que a vida
Se não se faz sentida
Não deixa de ser vida
É a vida
Ora, querida
Ora, fingida
Ora, ocultada
Ora, vivida.