Se por um dia me sobe à cabeça o prejuízo
Tal como uma coisa registrada em cartório
Possesso, desvairado, esgota todo o juízo
Dita a perda, urro, xingo, enceno velório
Comando e ponho guardas a todas fronteiras
Vou colocar em teu corpo, quiçá, o cadeado
Deixando encurralado de mil e uma maneiras
Fica, assim, quieto, silencioso e amarrado
Contra os invisíveis, a guerra tá declarada
O perigo se remonta aos graus de insanidade
Incansavelmente, toda a baliza será vigiada
Decreto irracionais ordens contra liberdade
A camisa de força vai em mim sendo adornada
Mergulhado nessa tal loucura de propriedade
E todos os dias eu me pergunto se eu sou eu mesmo e se eu sou sempre assim - tão eterno e tão confuso. Nada mais me interessa senão viver essa eternidade. Meus dias nunca são vagos, por mais que eu diga o contrário...há sempre um presente guardado em um pacotinhos de segundos.
sábado, 10 de maio de 2014
Orgulho
Perigosa casca que brilha
Disfarçada de escudo protetor
Mãe da dor e da dor é filha
Mascarada no seu próprio amor
Fora dela, à ilusão se humilha
Agudos espinhos a sufocar a flor
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Incerta Certeza
Não, mas vou fingindo que sim
Sim, mas já não te interessa
Ao divagar, vai sendo assim
Vou devagar mas eu tenho pressa
A correnteza do tempo a me arrastar
Futuro incerto, incerto maldito
E sua máscara a sair do lugar
De só dizer o que não havia dito.
O talvez é o que resta
E se me sobra o sumiço
Nada de crise, nada de festa
Há coragem pra isso?
Impoe-me uma barreira de dor
Inquieta-me o medo do vazio
A maçaneta me rouba o calor
Atrás da porta, mistério frio
Fio de esperança
Desencapado
Choque de realidade
Eletrocutado
Solidão da cidade
Realidade concreta
Besteira da idade
Cada palavra soletra
Tique-taque...é a torturante hora que passa
Sem sentido, instantes passam a modo grosso
Tornando menor o espaço, devorado pela traça
E só aumenta o peso pendente acima do pescoço
Passo ligeiro com relógio estacionado
Em um diálogo infinito de um x oculto
Ponteiro incessante no sujeito parado
Desinteresse traduzido em assunto curto
Véu de metáforas sombrias
Contido e preso na caneta
Escondendo verdades frias
Misturadas à tinta preta
Subindo o monte por uma infinita curva
Sem ar, a vertigem vai me deixando tonto
Pra mais ou pra menos, mera ilusão turva
Ao final de três, resume-se tudo a um ponto.
quinta-feira, 6 de março de 2014
Remorso
Foi
logo ali na ponte que une
E que
agora é sinal que me pune
Grande mal
de cortar um coração
Simbolo de
nossa separação
Entre
ornitorrincos e xaropes
Lepo-lepos
e Potocs
Ah,
Carnaval de perfeição
Eu tinha
tudo ali na minha mão
Tolo
estúpido, ai como eu sinto
Dói
demais, não minto
Eu que sou
o culpado
O vilão
descarado
E agora o
arrependimento
Pior
sentimento
Eu tento
esquecer, eu forço
Esse ácido
na alma é meu remorso
Devolve-me
a calma, oh tempo
Devolve
meu contentamento
E você de
volta, talvez
Mesmo que
por um mês
Pra mim,
você já é eterno
Me retira
aqui desse inferno
Há algo
ainda que se faça
Depois de
uma estupidez devassa?
Creio que
não, acho que não
Te perdi,
joguei fora teu coração.
(6/3/2014)
domingo, 29 de dezembro de 2013
Nesse Rio
Em meio ao rio comprido e profundo de muita curva
Repleto de correntezas, pedra, monstros e água turva
Cascatas altas de imponentes e incontroláveis fúrias
Quem bate a cabeça em meio a pedras, agulhas
Tempestadesfortes de terrível ventania
Água suja que escorre noite e dia
Com sede e fome de tamanha violência
Confusa, fraca e incerta consciência
Nessa chuva não existe guarda-chuva
E pr'essa sede, nem sequer suco de uva
Pra mão fria, não me serve uma só luva
E o corpo que padece de frio
Nesse rio, água não volta atrás
Nesse rio, eu choro, eu rio
Adiante pro mar, à paz.
Há paz.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Sobre o tempo
Por que o tempo não passa?
Por que o tempo passa?
Por que tempo passa?
Por que tempo?
Que tempo?
Tempo?
Por que o tempo passa?
Por que tempo passa?
Por que tempo?
Que tempo?
Tempo?
Assinar:
Postagens (Atom)